Percurso..
Dona Leoni, a professora que só me ensinou...
Com Ednei Xavier
Amada, querida, encantadora, minha primeira professora e professora por
ofício! O conteúdo era apresentado como se apresenta uma bandeja cheiinha de
doce. E qual criança, na sua mais tenra idade, não se refestela com uma bandeja
de guloseimas? Ela sabia disso e seu estoque de amor adocicado para ensinar
nunca se esgotava. Pelo contrário, feito Hidra, só fazia brotar amor, cujas
formiguinhas éramos nós. Quem não se lembra da primeira professora? Você não se
lembra? Então você nunca frequentou uma escola. Vale plantar uma árvore, ter um
filho ou escrever um livro, mesmo sendo um autodidata, mas, se teve a primeira
professora, o sabor é completo. Ter a primeira professora é ter a mãe do lado,
o tempo todo, a missão é a mesma, é ter o ensinamento e a proteção
cuja
validade é para toda vida. Mostrou-me conhecimentos, ensinou-me a ler,
escrever, fazer contas, a usar a régua. Sempre com muito afeto e amor
adocicado. Sempre me dá saudade quando volto ao passado. Mergulhado nesse
cândido saudosismo, lembro-me da infância, da merenda e do gosto do suco na
hora do lanche, dos torrões e das balas de leite. Dos poucos amigos daquela
época, José João e Murilo me marcaram, pois não gostavam de estudar e em
virtude disso, eram constantemente cobrados pela Dona Leoni, nossa inesquecível
e afável professora. Foi como um anjo do céu que guiou os nossos passos, dando
rumo e sabedoria, abriu-nos as portas para o mundo maravilhoso do conhecimento!
Como nos ensinou a dar valor ao saber, ao conhecimento, à educação e à leitura!
Quem não se lembra da primeira professora, Dona Leoni? Sorridente, formava a
fila, e pela mão levava-nos até a sala. Antes, ensinava o Hino Nacional. Muitas
vezes, durante os intervalos, ria com algumas traquinagens, mas também colocava
respeito só com um doce sorriso ou meigo cafuné. Pois bem, tenho certeza de que
o leitor, nesse momento, também deixou sua mente divagar, retroceder, para
carinhosamente recordar aqueles que foram instantes peculiares, especiais. Pode
ser até que, nesse momento, você tenha vontade de sair correndo e abraçar as
velhas lembranças retratadas na figura central da professora ou do professor,
tanto faz, que lhe mostrou um mundo espetacular, e até então desconhecido e de
profunda importância. Dona Leoni é para se guardar eternamente no peito. Ela
foi a responsável pelo início de tudo. A vida passa e o peso dos anos nos
revela a maturidade que nos faz enxergar detalhes que antes não víamos, como a
primeira professora que é tão preciosa quanto a nossa família, aliás, a
extensão dela que adorna a estrada por onde passamos, estimulando-nos à íngreme
caminhada que, de uma forma ou de outra, mais cedo ou mais tarde, temos que
trilhar. Ela era uma pessoa exemplar e exponencial. Como professora, foi o elo
fundamental de todo esse compulsivo e enigmático processo, calor humano vital
de sabedoria e aprimoramento. Ensinou-me com o suor do próprio rosto a gostar
de estudar com afinco e amor. Obrigado, Dona Leoni, a senhora continua
influenciando minhas decisões e continua sendo a minha segunda mãe. Obrigado
muitas vezes por tudo que me ensinou.
É tarde e a noite já vem, fique com ela, Senhor!